Hepato Experts Logo

Esteatose hepática e a doença hepática gordurosa não alcoólica

Atualizado em: 19/07/2023
Tempo de Leitura: 4 minutos
Sumário
Esteatose hepática - Imagem Ilustrativa

A esteatose hepática é o acúmulo excessivo de gordura no fígado, podendo levar ao desenvolvimento da esteato-hepatite não alcoólica, que é caracterizada pela inflamação e lesão hepática crônica associada a fatores de risco como obesidade, resistência à insulina e diabetes tipo 2. Saiba mais!

O que é esteatose hepática?

A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é um termo que abrange doenças do fígado caracterizadas pelo acúmulo de triglicerídeos (¨gordura¨) em indivíduos que praticamente não ingerem bebidas alcoólicas. 

Essa entidade possui um amplo espectro de apresentação clínica — sendo a esteatose hepática o de menor gravidade. A DHGNA está se tornando cada vez mais prevalente no mundo. No Brasil, estima-se que 20% da população seja acometida por essa condição.

Quais os riscos de ter esteatose hepática?

Uma vez que uma pessoa desenvolva esteatose hepática, há o risco de evoluir para uma forma mais agressiva da doença — a esteato-hepatite não alcoólica (EHNA), que é caracterizada pela intensa atividade inflamatória no parênquima hepático (assim como na hepatite viral), o que pode levar a fibrose do fígado e, consequentemente, a cirrose. Portanto, a DHGNA é tão lesiva ao fígado quanto o uso abusivo de bebidas alcoólicas.

Estima-se que 5 a 12% dos casos de EHNA evoluirão para cirrose hepática. Ainda, atualmente, sabe-se que grande parte dos casos de cirrose criptogênica (quando não se sabe a causa) têm relação com a EHNA. 

Nos EUA e no Reino Unido a cirrose pela DHGNA já se destaca entre as três primeiras indicações de transplante de fígado. Também, a DHGNA é um fator de risco conhecido para o desenvolvimento do carcinoma hepatocelular (o câncer primário do fígado).

Quais os sintomas da doença hepática gordurosa não alcoólica?

Em estágios ainda iniciais da doença, os pacientes com DHGNA podem ser assintomáticos ou apresentar sintomas inespecíficos, como fadiga, dores ou desconforto no andar superior do abdome. 

Quando o paciente com esteatose hepática desenvolve EHNA e evolui para estágios avançados de doença hepática, como a cirrose, ele poderá apresentar ascite (aumento de volume abdominal por acúmulo de líquido), varizes esofágicas (vasos colaterais no esôfago que podem romper e levar a sangramentos digestivos importantes), icterícia (olhos e pele de coloração amarelada), encefalopatia hepática (esquecimento, tremores, confusão mental) e câncer no fígado.

Quais os fatores de risco para a doença hepática gordurosa não alcoólica?

Embora a fisiopatologia da DHGNA primária ainda seja pouco conhecida, diversos fatores que predispõem ao desenvolvimento dessa doença já são bem estabelecidos. O componente multifatorial relacionado ao estilo de vida, em especial a dieta e o sedentarismo, contribuem para essa condição e há também a possível participação de características genéticas.

A DHGNA está intimamente relacionada com o sobrepeso, a obesidade, a resistência à insulina (quando as células não absorvem o açúcar do sangue em resposta ao estímulo hormonal da insulina), ao diabetes mellitus tipo 2, a hipertrigliceridemia (aumento dos níveis de triglicérides no sangue) e a hipercolesterolemia (aumento dos níveis de colesterol no sangue). 

Todos esses fatores em conjunto promovem o acúmulo de gordura no fígado (esteatose hepática). Além desses, outros fatores de risco estão relacionados a DHGNA, como a síndrome do ovário policístico, a apneia do sono, o hipotireoidismo e o hipopituitarismo.

Como identificar a esteatose hepática?

Para diferenciar os diferentes graus de DGHNA, a biópsia do fígado é o exame padrão ouro, porém sua realização em todos os pacientes não é viável e nem isenta de riscos. Assim, o método de imagem mais utilizado para identificação dos pacientes com esteatose hepática — por ser mais prático e simples de ser realizado — é o ultrassom de abdome, especialmente em casos de esteatose maior que 30%. 

Nos casos de esteatose hepática mínima, a ressonância magnética com espectroscopia ou ressonância magnética de última geração são exames mais sensíveis. A associação de testes bioquímicos laboratoriais com a avaliação da elasticidade hepática, através do Friboscan, por exemplo, pode constituir uma melhor forma de avaliação da fibrose hepática desses pacientes.

Como é realizado o tratamento da doença hepática gordurosa não alcoólica?

O tratamento desta doença demanda mudança de hábitos de vida, com a perda de peso e a prática de atividades físicas regulares. O primeiro ponto de atuação é na perda de peso. Isso pode ser atingido através da combinação de uma dieta saudável e balanceada e da realização de atividade física. 

Também, deve-se ter atenção ao tratamento das doenças associadas, como, por exemplo, o diabetes e a hipertensão arterial, e a diminuição ou até mesmo a interrupção total do consumo de bebidas alcoólicas.

Devido às muitas limitações em relação a medicações específicas para essa condição, a mudança de estilo de vida é fundamental. 

Nos casos de doença hepática avançada e com complicações como câncer primário do fígado, o transplante de fígado é o melhor tratamento.

Em resumo, a esteatose hepática e a DHGNA são condições em que a prevenção atua de maneira extremamente positiva e eficaz para todos os pacientes. 

Assim sendo, opte sempre por uma dieta saudável baseada em legumes, frutas, verduras, carnes brancas e alimentos com pouca gordura e açúcares, mantenha um peso adequado para sua estatura e faça atividade física regularmente.

Foto Dr Yuri Boteon
Dr. Yuri Boteon
CRM: 144.829/SP
RQE: 56131 - Cirurgia Geral
Cirurgião da Equipe de Transplante de Fígado da Rede D’or. Professor da Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein e do Departamento de Cirurgia da Universidade Santo Amaro.
Seja um doador de órgãos banner

Seja um doador de órgãos

VEJA O CONTEÚDO COMPLETO

Agende sua Consulta

magnifiercross